
Israel de Souza durante palestra no Congresso Internacional da ABRATES, realizado em junho de 2015. Photo Credit: ABRATES
Brazilian Army Captain Israel de Souza received a standing ovation in 2014 following his first presentation at a major industry event: the 5th ABRATES Annual Conference in Rio. His description of interpreting with his team under the extreme conditions faced by the peacekeeping forces in Haiti during the infamous earthquake had a profound effect on the audience. He is the coordinator of ETIMIL (Internship for Military Translators and Interpreters) in Rio de Janeiro. A teacher, translator and military interpreter since 2003, Captain Souza has 10 years of translation/interpreting experience and 21 years of teaching experience. He will be the PLD Distinguished Speaker at the 56th ATA Annual Conference in Miami.
Interview by Tereza Braga
1) Israel, como foi que você apareceu de repente no palco do congresso da ABRATES no Rio no ano passado?
Bem, não foi tão de repente assim. Fora do palco, venho participando dos congressos da ABRATES desde 2007. Participo de grupos de mídia social desde a época do falecido Orkut. Quando o grupo “Tradutores e Intérpretes BR” se mudou para o Facebook, acompanhei a transição. Nele conheci muitos colegas tradutores e foi um deles (Daniel Estill) que me deu a ideia de apresentar algo sobre o que eu faço em operações de paz. Propus aquela palestra para o IV Congresso em Belo Horizonte, mas por algum motivo, ela não chegou a se confirmar. Em 2014, a presidente da ABRATES (Liane Lazoski) me convidou para palestrar no V Congresso, no Rio. É verdade, creio essa ter sido a primeiríssima vez que um militar palestra em evento de grande porte da nossa área. Repeti a dose no VI, em São Paulo, e agora estou bem feliz com o convite para falar para vocês na ATA.
2) Você já morou ou trabalhou nos EUA? Como vê as Forças Armadas americanas em termos de idiomas?
Nunca morei ou trabalhei fora do Brasil, exceto quando estive por um ano como chefe da seção de tradutores e intérpretes na missão do Haiti (MINUSTAH). As Forças Armadas (FFAA) americanas têm seus centros de preparo linguístico para tropas. A base aérea de Lackland (DLI) é bastante conhecida por seus cursos em idiomas, assim como pelos exames de proficiência linguística, muitos deles adotados por várias FFAA no mundo inteiro. Cabe aqui ressaltar que os EUA preparam seus intérpretes militares com um curso de inteligência que atualmente é realizado em um centro de inteligência militar dedicado.
3) Com que idade você começou a se interessar por tradução/interpretação?
Fiz um caminho muito comum entre alguns tradutores. Comecei pelo magistério e depois parti para a tradução e interpretação ao mesmo tempo. Desde os meus áureos 25 anos, tenho buscado saber mais sobre a tradução/interpretação e, aos poucos, fui me aproximando mais e mais destes ofícios. A partir de 2007, tenho me dedicado única e exclusivamente à tradução/interpretação no âmbito das FFAA e no meio civil.
4) Como vai indo a sua pós na Universidade Estácio de Sá? Tem opinião sobre a qualidade da formação acadêmica em tradução e interpretação no Brasil?
O curso é bom. É mais uma oportunidade de reciclagem e troca de experiências com outros colegas de profissão. Embora o curso da UNESA conte com bons profissionais, ele poderia ser melhor estruturado em conteúdo e na gestão das atividades propostas. Para quem é iniciante, o curso é bom, para quem já tem um pouco de conhecimento, há que se pensar.
No Brasil, temos bons cursos em nossa área, mas ainda limitados a determinadas regiões do país; se concentram basicamente na região Sudeste, no eixo Rio – São Paulo, dificultando, assim, o acesso das pessoas que não vivem nessa região do país. Os cursos online nessa área ainda deixam muito a desejar.
5) Como surgiu o seu amor pelos idiomas?
Meus pais falam somente o português. Nunca puderam ou tiveram oportunidades para estudar muito, menos ainda idiomas. Entretanto, fizeram questão de pagar meu curso de inglês. Comecei a estudar quando tinha 15 anos, pois havia sido aprovado em um concurso público para estudar na Escola Técnica Federal de Química do Rio de Janeiro. Na época, a escola dizia que era muitíssimo desejável que seus alunos conhecessem bem o idioma inglês para poderem prosseguir de forma adequada com seus estudos na instituição.
6) Qual a maior alegria de ser militar?
A maior alegria é poder me sentir útil e ter a certeza que há valores como comprometimento, responsabilidade, disciplina, camaradagem, honra e dignidade sendo cultuados e deixados como um legado para a sociedade como um todo. Em especial, para nós intérpretes e tradutores militares empregados em missão, a alegria de saber que fazemos a diferença para um povo e uma nação.
7) Por motivos históricos, a maioria de nós brasileiros crescemos com uma visão um tanto negativa das Forças Armadas e até da Polícia. De que maneiras a coisa vem mudando?
Muito do que se diz das FFAA brasileiras vem de uma visão deturpada e corrompida dos fatos. Nossa história sempre foi muito manipulada para atender interesses de alguns. Se analisarmos as ações passadas em seu cerne, veremos que as FFAA ajudaram muito na construção e desenvolvimento do nosso país, e continuam fazendo isso até os dias de hoje. Somos o braço forte e a mão amiga para ajudar a sociedade e prestar apoio sempre que nos solicitam.
ISRAEL DE SOUZA durante o Congresso internacional da ABRATES realizado em junho de 2015, ao lado de (esq. para dir.) Iara Regina Brazil (organizadora de eventos da ABRATES), Ines Bojlesen (colunista da PLD), Tereza Braga (PLD Administrator) e Liane Lazoski (diretora da ABRATES) Photo Credit: Tereza Braga
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