Anna Barbosa
Realizado no Instituto Phorte, no tradicional bairro do Bixiga, em São Paulo, o Tradusa reuniu cerca de 120 participantes: tradutores iniciantes, experientes, muito experientes e referência no mercado, todos curiosos e cheios de informações para dar e receber. Intérpretes de vários idiomas compartilharam as suas experiências em congressos, reuniões, intermediações com refugiados e pacientes em ambiente hospitalar. Parecíamos bactérias numa placa de Petri, tal a velocidade com que as informações eram reproduzidas, especialmente durante os intervalos!
A sexta-feira começou com oficinas. Fomos todos para as nossas salas e tivemos momentos de aprendizado, perguntas e respostas e mão na massa. Participei da oficina de versão português-inglês, facilitada pela tradutora e revisora Tracy Smith Miyake. Fomos desafiados tanto a verter textos como a corrigir versões e os neurônios ferveram. Recebemos muitos links e dicas de materiais para melhorar a qualidade de nossa produção.
A tarde foi de palestras. Val Ivonica explicou as vantagens e desvantagens de usar tradução automática e como o trabalho é facilitado pelo controle e pela padronização da memória que criamos. Em seguida aprendemos com a Beatriz Araújo um pouco mais sobre o funcionamento da Anvisa e como a agência supervisiona a fabricação e comercialização de medicamentos, alimentos, cosméticos, correlatos, agrotóxicos e outros produtos voltados para saúde, estabelecindo regras para a documentação relacionada (que nós traduzimos/interpretamos). A Adriana Dominici trouxe um novo olhar sobre a confecção de bulas e seu entendimento pelos pacientes e comparou as bulas brasileiras com as alemãs: aprendemos que a linguagem e a abordagem são bastante diferentes, de acordo com as leis vigentes em cada país. A tarde terminou com dicas valiosíssimas oferecidas pelas experientes intérpretes do grupo COLETIVO: Cecília Tsukamoto, Daniele Fonseca, Lívia Cais e Suzana Gontijo. Ficamos sabendo o que é mais importante na preparação para um evento de interpretação simultânea ou consecutiva na área médica: tudo! O dia terminou com muita animação: colegas que só se conheciam pelas redes sociais se conheceram pessoalmente, trocamos cartões e histórias e saímos preparados para mais um dia muito estimulante.
A oficina de interpretação médica oferecida por Patrícia Gimenez no sábado de manhã foi muito esclarecedora. Ela detalhou as atividades desempenhadas pelo intérprete médico, a qualificação necessária, os códigos de ética e os esquemas de trabalho adotados. Os participantes fizeram muitas perguntas e exploramos cenários diversos.
A palestra de Ana Julia Perrotti-Garcia abriu a tarde de sábado. Dando exemplos concretos, ela apresentou um panorama de terminologia e frases com diferentes níveis de formalidade e contexto usados nos textos produzidos na área médica. As dicas de uso de glossários e livros específicos foram muito valiosas! O técnico em radiologia William Jacob de Lima apresentou os Estudos Especializados em Diagnóstico por Imagem e explicou os prós e os contras de cada um dos métodos que utiliza radiação ionizante, com seus principais usos na atualidade. Considerando o momento atual de migração global, Andresa Medeiros expôs o panorama da mediação tradutória entre migrantes e instituições de saúde, ressaltando a importância dos intérpretes. Agindo como mediadores, eles possibilitam ao migrante o empoderamento e a integração à cultura e o acesso aos serviços oferecidos pelo país que os acolhe. Admirável o trabalho realizado por esses colegas, que dão voz àqueles que ainda não conhecem o nosso idioma e, assim, garantem melhores condições de saúde e vida para eles!
Ao final de cada palestra a plateia foi contemplada com o sorteio de diversos brindes. Foi minha primeira participação no Tradusa e considero que o evento foi organizado com cuidado e atenção aos detalhes, terminando com muito sucesso. Que venha o próximo!
NOTA DA EDIÇÃO: Resenhas sobre o Tradusa também foram publicadas em inglês e espanhol pelos tradutores Laura Vaughn Holcomb e Verónica Colasanto, respectivamente.
ANNA BARBOSA ― Formada em Química, trabalha exclusivamente como freelancer na área das Ciências da Vida há cinco anos. Tem formação como intérprete de conferências e trabalha como intérprete e tradutora há mais de 20 anos. Estudou, morou e trabalhou pelo Brasil e pelo continente africano e tem experiência de trabalho diversificada. Adora viajar, estudar, aprender e empreender.
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