The Portuguese Language Division held a quiet celebration paying homage to the “última flor do Lácio,” in Olavo Bilac’s words.
While most of our members were enjoying and displaying their love for our mother tongue singing carnival ballads and sambas, Suzana Bernardo (Coimbra), Julia Pedro (Lisboa), and Giovanna Lester (Miami) spent two hours talking about accents, phonemes, poetry, and prose in European and Brazilian Portuguese.
Eugénio de Andrade, Luiza Marques, and PLD member Lúcia Leão had their works read and discussed during the meeting. Julia also read a piece written by Marcos Neves from his book “A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa” (The Unbelievable Secret History of the Portuguese Language, free translation by the author).
Below are three of the poems read at the event.
Eu ia com a noite pelas ruas – Eugénio de Andrade, O Peso da Sombra
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Sem mácula A precisão do tempo Luiza Marques, Furdunço d’alma (1995) |
Se eu fosse traduzir aquele poeta
andaria pela cidade Ligaria pra você bem cedo Alguém teria consertado |
As lojinhas vão se abrindo, Só me chegam nomes de outros De manhã, diante de mais um dia, decido Vou ligar pra você e dizer – Lúcia Leão |
And from Marco Neves beautiful text, we share an excerpt:
Durante séculos, o nosso português era a língua vulgar e o antigo latim continuava no seu trono. Enfim, lá se tornou oficial e, mais tarde, inventámos algumas palavras a soar a grego e também fomos outra vez ao latim para lhe dar um ar mais cultivado…
Mas não nos enganemos: a língua continuou a ser um bicho sem tino. Importámos palavras de todo o lado. Até Os Lusíadas têm palavras de muitas paragens (e castelhanismos de sobra).
Então se nos afastarmos da língua escrita, se olharmos para a língua da rua, essa sempre se misturou, sempre se deixou levar por manias e modas, sempre pisoteou todas as ideias de pureza. Lá vieram palavras do francês, do italiano, do inglês, das línguas índias e muito mais (mas descansem, meus caros, pois também oferecemos palavras a outras línguas: ao inglês, ao castelhano, ao francês – até ao japonês).
E, claro, depois, nas naus, lá foi o português e lá se espalhou pelo mundo, e em todo o mundo se misturou e se pintalgou: a nossa língua também é mestiça, ó gente armada ao puro!
[…]
O que vale é que a língua é mesmo um animal selvagem: lá dá uns coices e continua, matreira e bastarda, saborosa todos os dias. E nós, com ela nos lábios, lá escrevemos, conversamos e damos beijos em bom português – e esquecemos esses tontos que a querem prender à força. Porque a língua é bastarda, sim senhor – e deliciosa para quem a souber ouvir.
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